segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Sociedade descartável

Olá caros leitores! Se é que existe alguma ainda rs.

Em 2009 desejei à vocês um pouco de solidão, esse ano desejarei o contrário, desejarei mais socialização.

Sempre incentivei o desapego material, por não tê-lo e por ser um pouquinho descuidada, considero saudável não estressar por algo que se perdeu ou quebrou. Apesar de ser uma feroz, porém pouco entendida, contestadora do "capitalismo selvagem" é fato que ele incentiva o consumismo e consequentemente o desapego material, mas ele faz isso de uma forma perigosa, transformando valores e instigando nossa inerente insatisfação. Estamos cada vez mais insatisfeitos, bombardeados diariamente com propagandas daquilo que não temos e que é, infinitamente, melhor do que aquilo que temos. Inconscientemente, dia após dia, treinamos nosso desapego material e alimentamos nossa insatisfação. Se essa questão fosse puramente material talvez eu nem escrevesse sobre isso, o que tem me preocupado é a possibilidade de estarmos, também, sendo treinados para o desapego emocional. Tenho extrema dificuldade de simplesmente deletar pessoas da minha vida e já desejei muito que fosse fácil, como apertar um botão, mas não é. Hoje, percebo que não poderia ser diferente, pois sou uma apaixonada por seres humanos e pelos sentimentos que eles despertam em mim. Com certeza não sou imune ao desapego emocional, provavelmente descartei e vou descartar pessoas da minha vida, algumas de forma consciente, outras de forma inconsciente...mas vou. O problema é até que ponto isso é saudável, usar e descartar pessoas não me soa muito saudável. Um dia me disseram que a vida é um jogo de interesses, que tudo que fazemos é basicamente para nosso próprio bem-estar, que até mesmo o que fazemos voluntariamente ao próximo é porque necessitamos de paz espiritual, ou seja, nada é puramente apenas para o outro, estamos sempre ganhando algo em troca. Concordo plenamente com essa afirmação e isso faz minha preocupação com o desapego emocional ficar ainda maior. Quanto mais insatisfeitos ficamos, mais queremos, e isso inclui usar os outros para nos satisfazer. Como diariamente as propagandas nos mostram que ainda somos muito insatisfeitos, estamos sempre precisando de mais pessoas, criando um fluxo continuo de uso e descarte de pessoas.
Esse texto é só um alerta, por isso no começo desejei socialização. Desejo que a partir de 2011, ou melhor, que a partir de agora, as pessoas se apeguem mais umas as outras, que socializem mais, conheçam mais as pessoas, compartilhem de suas tristezas e alegrias, que percebam quem são antes de descartá-las. Desejo que no final possamos perceber que queremos manter: alguém honesto, apesar de mal-humorado, alguém brincalhão, apesar de imaturo, alguém delicado, apesar de frágil. A meu ver deveríamos fazer um esforço descomunal para manter pessoas com qualidades ímpares ao nosso lado, porque a cada dia existem menos pessoas assim no mundo. Infelizmente, as propagandas treinam nosso desapego material, mostrando que existe uma grande oferta de coisas melhores do que as que temos e isso estimula nosso desapego emocional nos tornando seres humanos descartáveis.

Para finalizar, deixo uma frase de Arnaldo Jabor.
"O destino decide quem você encontra na vida, suas atitudes decidem quem fica"
Por isso vamos tomar mais cuidado com quem descartamos, para que no final essa não seja nossa maior insatisfação.

Feliz 2011!
Abraço

2 comentários:

Marmita disse...

Marmita, eu vi o Gibi impresso, até que ficou bonitinho.
A Sâmia não quis me dar nenhum, bem que você poderia fazer essa caridade.

marcelo disse...

Eu também tenho enorme dificuldade de ´´deletar pessoas``. Volta e meia fico relembrando de pessoas que passaram por minha vida, amigos, amores, companheiros de trabalho e sinto uma sensação de que poderia ter me doado mais, vivido mais ao lado deles. Começo a chegar a conclusão de que a vida é assim mesmo, por mais que façamos, sempre haverá um gostinho de quero mais em tudo, e sempre existirá aquela sensação de dever imcompleto, seja no trabalho, na monografia, no amor.
Mas enfim......só nos resta viver!