Inspiração é uma coisa muito louca, sem nenhum motivo aparente, sem qualquer experiência recente, minha ou de amigos, e principalmente, no dias das mães fiquei inspirada a escrever sobre desilusão, mais precisamente sobre desilusão amorosa.
As desilusões amorosas podem acontecer na infância, na juventude, na velhice, pode ser fraca, média ou forte, pode matar ou fazer viver.
Minha primeira desilusão foi na juventude, uns sete anos atrás, foi de intensidade média, por ser a primeira doeu um tanto bom, por ser platônica o sofrimento durou pouco. Mas desde aquela época percebi que uma desilusão é apenas a constatação das diferenças, dois personagens que aparentemente estava na mesma história percebem que estavam em histórias diferentes. Não existe culpados cada um apenas viveu a sua maneira, sentiu a sua maneira e um dia uma das partes percebeu a diferença. Dói, confunde, enraivece, mas no final é tudo muito simples... no começo eram duas vidas, contextos diferentes, desenvolvimento diferentes, mesmo que os dois tivessem sido criados da mesma forma, no mesmo lugar, com as mesmas pessoas, ainda existia uma diferença inerente do gênero, tratava-se de um homem e uma mulher, ainda sim existiam semelhanças, existia um química, quase irresistível e isso os uniu. A partir desse momento cada um faz sua parte, a mulher foi delicada, companheira e compreensível, o homem foi atencioso, carinhoso e prestativo, ambos fíeis, ambos felizes. Isso era o que se via na superfície, nos atos, nas atitudes, todos viam, era o casal perfeito. O que não se via era o interior, mais especificamente o campo das interpretações, é aqui onde se encontra o ponto crítico de qualquer relação, é aqui a fonte das desilusões, o campo das interpretações, o campo das diferenças, o campo sem culpados.
Explicando... muita gente consegue falar “eu te amo” com extrema facilidade, amam rápido e até intensamente, outras só falam depois de algum tempo, depois de muita segurança, e muito sentimento, isso é fato cada um ama de um jeito, cada um tem uma concepção de amor, cada um tem um pré-requisito para amar, logo em um relacionamento, cada um vai amar de uma maneira, cada um a sua maneira, e para dar certo tem que se amar de formas parecidas. No cotidiano outras diferenças são evidenciadas: um presente... para uma das partes pode ser um reles presente, mais um, para a outra parte um presente idealizado por longos anos; uma frase... para uma das partes pode ser palavra solta, para a outra uma promessa; um gesto... para uma das partes pode ser o gesto perfeito, para a outra parte mais um de outros tantos gesto rotineiros.
Enfim, tudo vai depender das interpretações que cada um dá para as coisas, e isso depende do contexto de cada um, da vida de cada um, em um relacionamento o que se busca é minimizar essas diferenças, o tempo juntos permite que as partes conheçam um ao outro, aceitando as diferenças.
Vários são os estopins, ninguém é culpado e a diferença de interpretações pode ser uma das causas. Na desilusão, alguém descobre uma ilusão e depois passa horas, meses e até anos, tentando entender como se iludiu tanto, quando na verdade ela apenas interpretou, da única forma que poderia, o amor.