domingo, 20 de dezembro de 2009

No cárcere da hipocrisia

O mais infeliz hipócrita é aquele que aceita ser algo por medo de descobrir quem realmente é, nossa natureza algumas vezes pode ser assustadora. A descoberta traz insegurança, algo que nós, seres humanos, evitamos, pois nos torna fracos e susceptíveis. Então, muita gente prefere ser apenas o conveniente, o problema é que nem tudo que convém é bom e/ou verdadeiro.
Antes mesmo de sermos gerados nos é dado um padrão, o padrão “cidadão”, depois o padrão “filho”, o padrão “estudante”, o padrão “empregado” e assim por diante, vamos acumulando padrões, ou melhor, papéis sociais. Quando adquirimos autoconsciência estamos tão presos a esses papéis, que tememos abdicar deles, tememos mudar suas características, como se eles fossem nossa essência. Tudo bem que ser avesso as condições de “ser social” causa um certo desconforto, mas o que me entristece, e às vezes enraivece, é o quanto as pessoas podem ser covardes em assumirem quem são, o quanto a clareza pode ser criticada, o quanto se finge só para manter seja lá o que for, parece-me uma sociedade viciada em interpretar papéis. O mais engraçado é que para manter seus hipócritas papéis algumas pessoas preferem supor e avaliar a vida alheia ao invés de cuidar de suas medíocres vidas, porque alguém que prefere gastar tempo com a vida dos outros só pode ter uma vida medíocre. Além disso, esse tipo de pessoa é o pior dos hipócritas, pois avalia e critica tanto a vida alheia só porque tem medo do que vai encontrar na sua. É esse medo que desperta em algumas pessoas uma certa aversão a solidão, certamente que essa aversão pode ter outros motivos, mas tenho uma teoria... quando estamos sozinhos somos apenas nós e não papéis sociais, não somos filhos, nem namorados, nem amigos, nem coisa nenhuma, somos apenas nós com nossos medos e anseios, que no momento da solidão não precisam ficar escondidos atrás da máscara da força, somos nós com nossos pequenos pensamentos insanos que não precisam disfarçar diante da admirada sensatez, ficamos ali... nus! diante de um espelho que mostra apenas nossa pura e despretensiosa verdade. Por isso, como este post, provavelmente vai ser o último de 2009, além de desejá-los um feliz natal e um próspero ano novo como é de praxe... desejo que vocês fiquem alguns minutos completamente sozinhos para que possam descobrir quanta verdade existiu nos papéis sociais que interpretaram esse ano, quem sabe, assim, algumas pessoas descobrem que suas vidas são como todas as outras, cheias de surpresas e maravilhas. Boa solidão!

Um comentário:

PIVA, D.P. disse...

Incrivel como concordo pelnamente com voce Vanessa
Em Genero, numero e grau!
Adorei o texto